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A Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD), por qual temos profundo respeito por seus membros, considera Ellen Gould White como o Espírito de Profecia. Muito embora admitam que a Bíblia esteja acima do que ela escreveu, quando analisamos bem de perto o que a IASD já escreveu sobre esta senhora, chegamos à conclusão que Ellen G. White e seus escritos são tão importantes para os Adventistas quanto a Bíblia. Um dos livros da IASD, O Manual da Igreja, na página 15, edição de 2005, afirma o seguinte: "Um dos dons do Espírito Santo é a profecia. Este dom é um sinal identificador da Igreja remanescente, e foi manifestado no ministério de Ellen G. White. Como a mensageira do Senhor, seus escritos são uma contínua e autorizada fonte de verdade que proporciona conforto, orientação, instrução e correção à Igreja. Eles também tornam claro que a Bíblia é a norma pela qual deve ser provado todo ensino e experiência." Diante de tais palavras, como, então, um adventista do sétimo dia não iria acreditar que os Escritos de Ellen G. White não sejam tão inspirados quanto à Bíblia? Pergunte a um dos membros da IASD se ele reconhece e crê profundamente que os escritos de Ellen G. White são uma contínua e autorizada fonte de verdade. Se ele disser que sim, pergunte: O que ela escreveu é mais verdade, ou menos verdade do que a Bíblia? Quase todos dirão: Tão verdade quanto a Bíblia. Mas se é tão verdade quanto a Bíblia, os escritos dessa senhora na verdade devem ser encarados como a Palavra de Deus. E, sendo assim, POR QUE OS ADVENTISTAS NÃO INSEREM OS ESCRITOS DELANO CÂNON BÍBLICO? Para os cristãos, a única expressão da verdade de Deus foi registrada na Bíblia. Fora dela, apenas livros humanos, fruto não da inspiração divina, mas da experiência cristã e do conhecimento da Bíblia. Entre os próprios adventistas, há essa separação entre os livros não inspirados, de missionários e autores em geral, e os livros do Espírito de Profecia, Ellen G. White. Comentando as responsabilidades da Comissão dos Ministérios de Publicações, diz o Manual da Igreja:
d. Ajudar os departamentos na seleção e divulgação de literatura, tais como os livros missionários, revistas, e os livros do Espírito de Profecia." - Manual da Igreja, página 143, Edição de 2005. Que os adventistas encaram os escritos de Ellen G. White tão inspirados e importantes quanto à Bíblia pode ser observado no mesmo Manual da Igreja, quando se comenta sobre o Dízimo. Após citarem a Bíblia como fonte inspirada e base para o dízimo, o que concordamos piamente, eles citam textos de Ellen G. White para confirmar tal ensino:
"A base bíblica para a entrega do dízimo e das ofertas encontra-se nestas passagens: Lev. 27:30; Mal. 3:8-12; Mateus 23:23; I Cor. 9;9-14; II Cor. 9:6-15. Observe também o seguinte, do Espírito de Profecia...[citam oito trechos de sete livros de Ellen G. White]" - Manual da Igreja, página 161, Edição de 2005, bold acrescentado.
Outras obras nos dão a entender que os Escritos de Eleen G. White são, para a IASD, tão inspirados quanto a Bíblia. Veja:
"Cremos que Ellen White foi inspirada pelo Espírito Santo, e seus escritos, o produto dessa inspiração, tem aplicação e autoridade especial para os adventistas do sétimo dia. Negamos que a qualidade ou grau da inspiração dos escritos de Ellen White sejam diferentes dos encontrados nas Escrituras Sagradas." - Revista Adventista, Fevereiro de 1984, pág. 37.
PERGUNTA: Como poderia um cristão crer em livros com qualidade ou grau de inspiração igual ao da Bíblia, e não crer que esses mesmos livros sejam a Palavra de Deus? Então, POR QUE NÃO ACRSCENTÁ-LOS AO CÂNON DA BÍBLIA?
Na tentativa de justificar os escritos de Ellen G. White como inspirados por Deus, uma outra publicação famosa da IASD argumenta:
"Além disso, é claro que Deus tem dado instrução à Sua igreja através de profetas sem fazer acréscimo ao texto permanente dos escritos sagrados. Não temos muitoscasosnas Escrituras onde profetas deram mensagens escritas ou verbais inspiradas, mas que não fazem parte da Bíblia? Com certeza (veja II Crôn. 9:29; Atos 21:8 e 9)." - Respostas a Objeções, página 398, 2a. Edição, 2005, Francis D. Nichol, Casa Publicadora Brasileira. Não queremos, com essa refutação, de forma alguma, desprezar os adventistas do sétimo dia. São pessoas educadas e honestas, estudiosas também, a quem pedimos a permissão de nos expressar sobre o texto acima. Como respondemos aos adventistas quando citam 2 Crônicas 9:29 e Atos 21:8, 9? Leiamos os dois textos, com suas respectivas explicações:
"Quanto aos mais atos de Salomão, tanto os primeiros como os últimos, porventura, não estão escritos no Livro da História de Natã, o profeta, e na Profecia de Aías, o silonita, e nas Visões de Ido, o vidente, acerca de Jeroboão, filho de Nebate?" - 2 Crônicas 9:29.
A base desse texto, os adventistas argumentam: Se há um Livro da História de Natã, o profeta, e a Profecia de Aías, e essas profecias desses profetas não estão na Bíblia, por que não acreditarmos que Deus tivesse usado Ellen G. White como o Espírito de Profecia? De fato, o escritor de Crônicas fez uso de fontes proféticas, todavia, durante o tempo em que a Bíblia estava sendo escrita. No entanto esses livros se perderam e Deus, o autor da Bíblia, não decidiu inserir tais livros na Bíblia, de modo que não temos como precisar se junto com profecias não havia erros e palavras de fonte humana. Mas o ponto é: Todos esses livros são mencionados durante o tempo em que a Bíblia estava sendo escrita, o que não é o caso dos livros de Ellen G. White, escritos entre os séculos XIX e XX.
"No dia seguinte, partimos e fomos para Cesaréia; e, entrando na casa de Filipe, o evangelista, que era um dos sete, ficamos com ele. Tinha este quatro filhas donzelas, que profetizavam." - Atos 21:8, 9.
Uma resposta parecida à anterior porderia ser dada aos adventistas. Essas quatro filhas que profetizavam o faziam enquanto a Bíblia estava sendo escrita, período este em que Deus usava profetas para falar sobre os propósitos divinos. Outra resposta que podemos dar aos adventistas é que o verbo grego "propheteuo" e a palavra profeta "prophétes" podem significar respectivamente, segundo reconhecidos Dicionários de palavras do Novo Testamento grego, proclamar ou "proclamador de mensagem divina", o que poderia significar que profetizavam ou proclamavam mensagens já escritas, e não as não-escritas. (Veja Dicionário Vine, página 903, 3a. Edição de 2003, CPAD).
Acreditamos também, como cristãos, que todos aqueles que, durante o período em que a Bíblia foi escrita, foram usados como profetas, mas não tiveram seus livros escritos incluídos na Bíblia, deu-se isso porque suas profecias não serviriam para todos os servos de Deus, mas tiveram como propósito edificar grupos isolados, ou certos tipos de pessoas. Por isso, admitimos que hoje, numa manifestação isolada da soberania de Deus, um filho de Deus, salvo em Cristo Jesus, possa, por memento de inspiração divina, dirigir palavras proféticas a outra pessoa ou igreja, mas num caráter de raridade. O caso dos Adventistas do Sétimo Dia e Ellen G. White é diferente. Seus livros teriam a mesma aplicação que a Bíblia, para todos aqueles que desejam ser salvos, tanto que o candidato ao batismo, na IASD, precisa ler um livro de Ellen G. White, para ser batizado. Por fim, convém lembrar que nenhum dos profetas com seus livros não inseridos na Bíblia, mas mesmo assim mencionados por ela, são considerados pela Palavra de Deus como importantes para a leitura e até para se conseguir algo de Deus. Quanto aos escritos de Ellen G. White, ela mesma declarou sobre eles:
“Ai de quem mover um bloco ou mexer num alfinete dessas mensagens. A verdadeira compreensão dessas mensagens é de vital importância. Os destinos das almas dependem da maneira em que são elas recebidas” (EG White, Primeiros Escritos, Editora Casa Publicadora, Tatuí – SP; 1995 – pág. 258, 259).
DECLARAÇÕES CONTRADITÓRIAS
Um dos livros mais famosos da IASD afirma:
"O Espírito de Profecia e a Bíblia. Os escritos de Ellen White não constituem um substituto para a Bíblia. Não podem ser colocados no mesmo nível. As Escrituras Sagradas ocupam posição única, pois são o único padrão pelo qual os seus escritos - ou quaisquer outros - dever ser julgados e ao qual devem ser subordinados. [...] Os fundadores da igreja desenvolveram suas crenças fundamentais através do estudo da Bíblia; não receberam tais doutrinas através das visões de Ellen White. [...] A própria Ellen White cria e ensinava que a Bíblia representa a norma final da igreja." - Nisto Cremos, página 289, 8a. Edição, 2008, Casa Publicadora Brasileira. Que os adventistas usam a Bíblia para ensinar suas crenças até podemos concordar, embora discordemos de muitos ensinos e de suas interpretações, mas os escritos de Ellen G. White, uma vez sendo considerados como inspirados, acabam sendo uma fonte de autoridade além da Bíblia. Realmente, não substituem a Bíblia, mas são, na prática, usados como meio de interpretar a Bíblia e são uma adição a ela. Observe as citações abaixo extraídas dos livros dela:
"Estes livros inspirados, tais como o Desejado de Todas as Nações, O Conflito dos Séculos e Patriarcas e Profetas são, corretamente, revelações divinas da verdade sobre as quais deveríamos depender completamente." - O Colportor Evangelista, página 124.
"Disse o meu anjo assistente. ‘Ai de quem mover um bloco ou mexer num alfinete dessas mensagens. A verdadeira compreensão dessas mensagens é de vital importância. O destino das almas depende da maneira em que forem elas recebidas" - Primeiros Escritos, página 258.
"Não escrevo um único artigo sequer, na revista, expressando meramente minhas próprias idéias. São o que Deus me revelou em visão - os preciosos raios de luz que brilham do trono." - Testemunhos para a Igreja, Vol. 5, páginas 64-67.
Como pode a IASD afirmar que a Bíblia é o livro principal, se a própria Ellen G. White, mesmo que ensinasse a Bíblia como o livro final a ser consultado, afirmou tais coisas? Deveríamos depender completamente dos livros dela? Depende o nosso destino do modo comoencaramos os seus escritos? São eles preciosos raios que brilham do trono? Cremos que não! Em outros artigos, mostraremos porque não cremos que os livros de Ellen G. White não são inspirados por Deus.
Aos Adventistas do Sétimo Dia fica o nosso sincero desejo de que se libertem de toda e qualquer forma de se crer que Ellen G. White seja o Espírito de Profecia. Nós, do IACS, respeitamos o direito de culto da IASD, e de forma alguma desejamos perseguir essa organização religiosa constituída por pessoas tão queridas. Mas nosso intuito é exercer também nosso direito de opinião sobre o que esta senhora escreveu, pois os adventistas, quando nos abordam, e tentam nos evangelizar, falam dela, como se fosse importante para nós ler seus escritos, e catastrófico não lê-los.
Fernando Galli, São Paulo, SP, julho de 2008.
Nota: A foto ilustrativa de Ellen G. White é extraída do CD-Rom 1.0 de Obras de Ellen. G. White.